rilhar com ella no ár, como se fosse um junco. O ferreiro e os outros homens com medo de ficarem esborrachados, começaram-se a esconder por todos os cantos; diz elle:
— Oh mestre; quanto custa a bengala?
— Não é nada; não é nada; pode-se ir embora.
O que o ferreiro queria era vel-o pelas costas; disse o rapaz:
— Pois ámanhã cá torno para ajustarmos as contas.
Assim foi; no outro dia trouxe a mãe a casa do ferreiro:
— Oh mestre! então você não conhece esta mulher?
— Não senhor.
— Pois você atreve-se a dizer que a não conhece, tendo-a recebido, dormido com ella e sendo eu seu filho? Pois agora ahi a tem, e veja como a trata.
O ferreiro conheceu a mulher, levou-a para casa, quiz abraçar o filho, e pediu para viverem todos juntos; diz agora o rapaz:
— Eu vou por esse mundo adiante, que não me falta que fazer.
Foi-se embora; passando lá por umas matas, viu um homem a arrancar pinheiros á mão, como se fossem tremoceiros; ficou pasmado da valentia, e disse:
— Oh homensinho! você como se chama?
— Eu chamo-me o Arranca-Pinheiros; mas dizem-me que ha outro homem mais valente do que eu, que é o da Bengala de dezeseis quintaes.
— Quer você vir commigo por esse mundo além?
— Iria, mas só com homem da minha egualha.
Elle então puchou da bengala e ensarilhou-a no ár. O outro ficou pasmado, e foram-se ambos por ahi fóra muito amigos. Andaram, andaram, até que foram dar a um sitio onde estava um homem que infincava as mãos no chão, e com os pés descoroava os montes e punha-os rasos como uma cachada.