Chamaram o pastor, que disse onde tinha cortado a canna. Foram lá e encontraram o cadaver com as trez maçãsinhas de ouro.
(Rebordainhos — Bragança.)
Havia n’uma terra um sargento, que era muito bom rapaz; um rico mercador tomou-lhe amisade, arranjou-lhe a baixa e tomou-o para seu empregado. Como o mercador tinha filhas, o sargento apaixonou-se por uma d’ellas; mas o mercador era muito desconfiado e nunca deixava sair as filhas de casa, mas pela grande conta em que tinha o rapaz elle mesmo lhe fallou para se fazer o casamento. Tudo corria muito bem; vae, acontece ir uma peça muito linda no theatro, e como as filhas desejassem vêr, pediram ao sargento, que só elle é que era capaz de apanhar licença do pae para as deixar ir vêr. O mercador ficou carrancudo, mas deu licença, dizendo:
— Deixo ir as minhas filhas com o senhor, mas com a condição, que quando der a ultima badalada da meia noite hãode-me estar aqui á porta.
Disseram todos que sim, e partiram.
Quasi perto da meia noite, o rapaz disse para a sua noiva, que era bom retirarem-se para casa. Mais um bocadinho, mais um bocadinho; pede d’aqui, pede d’ali, o que é certo é que já tinha dado a meia noite, e elles ainda longe de casa.
Assim que o rapaz bateu á porta, abriu-se logo de repente, e o mercador começou a bradar:
— Foi assim que o senhor cumpriu as ordens que eu lhe dei? Ora trate já de arranjar as suas cousas, que nem já esta noite me fica em casa.
— Oh senhor, pois só por isto! E quando estava já para casar com sua filha!