que lhe malhasse em cima até os deixar em estilhas. Por fim o soldado morreu, e como tinha passado sempre na má vida, foi parar ao inferno. Os diabos assim que o lá viram começaram a gritar:
Fecha portas e postigos,
Senão seremos aqui todos batidos.
E aferrolharam as portas, e o soldado não pôde entrar para lá; foi então bater ás portas do céo. Sam Pedro assim que o viu, disse-lhe:
— Vens enganado! Não entras cá. Não te lembras da má vida que levaste?
Responde-lhe o soldado:
— Oh, senhor Sam Pedro! no inferno não me quizeram. Eu agora para onde hei-de ir?
— Arranja-te lá como puderes.
O soldado viu meia porta do céo aberta, e pega no barrete e atira-o lá para dentro, e disse:
— Oh senhor Sam Pedro, deixe-me ir apanhar o meu barrete.
Sam Pedro deixou; mas o soldado assim que se viu dentro do portal, sentou-se logo na cadeira d'elle. Sam Pedro quiz mandal-o sahir mas não pôde e foi d'ali á pressa queixar-se a nosso senhor, que lhe disse:
— Deixa-o entrar Pedro, não tens outro remedio, porque assim lhe estava promettido.
E o soldado sempre ficou no céo.
(Porto.)
Um pae tinha um filho muito travesso e estroina, e sabia que a grande fortuna que lhe deixava elle a espatifaria toda, pela sua má cabeça. Quando morreu, deixou--