noite um lobo e comeu as tripas da cabra, e lá se foi Manoel Feijão aos tombos dentro da barriga do lobo. Começou a dar-lhe voltas nas tripas, e o lobo com as dôres subiu-se por um pinheiro acima: N'isto vem uns ladrões carregados com uns saccos de dinheiro, em cima de um macho; Manoel Feijão faz com que o lobo se atire lá de cima, arrebentou no meio do chão, e os ladrões fugiram espantados. Manoel Feijão assim que apanhou o lobo com as tripas de fóra, sahiu lá de dentro, e subiu para o macho, metteu-se dentro de uma orelha e começou a beliscal-o. O macho botou a fugir, a fugir, e elle guiou-o para casa do pae, e chegou á porta ainda de noite, a fazer muito estrupido. Perguntaram de dentro:
— Quem é que está ahi?
— É Manoel Feijão. Crós! Crós!
A mãe conheceu-o, veiu abrir á pressa; abraçou-o, lavou-o, e o pae foi descarregar o macho e guardar os saccos de dinheiro, e foram todos muito felizes.
(Porto e Açores.)
De uma vez andava uma gallinha a esgravatar no chão, e caiu-lhe um bocado de caliça em cima da cabeça; a gallinha espantada botou a fugir, e encontrou um gallo que lhe perguntou:
— Para onde vaes a fugir, comadre gallinha?
Ella respondeu:
— Caiu-me na minha catulinha! É o céo que está a cair aos pedaços.
O gallo pôz-se tambem a fugir com a gallinha; encontraram um porco, que andava á landra, e assim que os viu, perguntou:
— Para onde ides a fugir? tão azinha?