— E agora? como nos havemos de livrar d'esta? É a excommungada que se enterrou esta manhã.
— Vamos pôl-a ahi á porta de qualquer figurão da terra.
Pegaram n'ella e foram pôl-a inteiriçada a uma porta; o corpo foi escorregando, escorregando, até que embarrou na aldraba da porta e fez barulho. Fanaram de dentro, mas como ninguem respondia vieram á janella. Viram um vulto, e pensando que estava a gazuar a porta, abriram-a de repente e deram-lhe muita pancada. O corpo cahiu. O dono da casa pensou que o tinha matado, e para se vêr livre da justiça, montou o corpo em cima de um burro e pôl-o a caminho para a feira. Ao passar pela porta do compadre pobre, diz elle para a mulher:
— Ainda aqui me apparece a excommungada. D'esta vez sempre se ganha um burro.
E pegou no corpo e foi pôl-o n'um cerrado do padre. Quando o padre o soube foi exorcismal-o montado na burra do sacristão, porque este o tinha avisado de que a excommungada andava no cavallo que pastava no cerrado. Assim que o cavallo viu a burra, correu atraz d'ella; o padre foge, a burra segue o caminho de casa, e ao entrar pela estrebaria dentro, o padre bate com a cabeça na padieira ao tempo que o cavallo chega com o corpo da excommungada. O padre quebrou a cabeça e morreu, e todos disseram que tinha sido a excommungada que lhe cahiu em cima. O irmão rico pensou que a alma da mulher andava penada, e para a despenar foi ter com o irmão e deu-lhe os bens que lhe tinha roubado e ainda muito dinheiro.
( Alemtejo.)
Um rapaz foi offerecer-se para criado a casa de um lavrador; á noite, quando foram ceiar, deram-lhe uma tigella de caldo. Diz elle: