um Alvará de 23 de setembro de 1538 recommenda-se ao reitor da Universidade que prohiba o contar-se contos nas lições: «Eu el-rei faço saber a vós, reverendo bispo reitor dos estudos e Universidade de Coimbra, e aos reitores que ao diante pellos tempos forem, que per quanto ás vezes acontece a lentes nas lições que lêem… se põe a contar estorias fóra da materia da lição, em que guastam o tempo sem proveito, hei por bem que o lente que cada huma das ditas cousas fezer, por cada vez perqua ho ordenado da lição d'aquelle dia…» Soropita leva mais longe a pintura d'estes costumes que influiram na litteratura novellesca portugueza: «Primeiramente, assim no tapete da obra appareceram certos aventureiros pagens da lança da tolice, cujo officio é contar contos prolixos de uns certos manganazes desencadernados, que, primeiro que preguem uma lança do que querem contar, irão cem vezes a Roma… E se vem á mão, ou por a historia não ser tão branda que se deixe facilmente conversar ou pelos seus entendimentos serem de ferro, tal que não cortarão por um queijo fresco, ao cabo de os pobres historiadores torcerem o queixo trezentas vezes e metterem toda a munição que podem para se declararem, ficam elles tão virgens do negocio como se nunca ouviram nada.»[1] Nos escriptores quinhentistas é que se encontram mais referencias aos Contos populares; Antonio Prestes cita:
É o segredo das canas
das orelhas do rei Mida.
(Autos, p. 259.)
João de Barros, na sua Grammatica, traz o celebre conto do Novellino, da interpretação do testamenteiro dar o que quizer. Em Bernardim Ribeiro vem a referencia:
- ↑ Poesias e Prosas, p. 103.