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Página:Contos Tradicionaes do Povo Portuguez.pdf/31

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perstigio augural faz com que se transite para a lição moral, como na phrase: perceber a linguagem dos passaros; o homem desabafa em prosopopêas espontaneas, como ainda hoje a criança quando se molesta em qualquer objecto material; Polyphemo desabafa com os seus carneiros, Heitor faz discursos aos seus cavallos, e Rolland falla com a sua espada. Nos contos populares ha o poder maravilhoso das Pedras (Lapidarios), das Plantas (Viridiarios), das Aves ( Aviarios); os animaes como o lobo, a raposa, o leão e o cavallo, têm relações moraes com o homem; estas situações não podiam nascer e conservar-se sem um sentido real, e esse é o de provirem de uma primitiva concepção fetichista; os horoscopos do nascimento, que se personificaram na acção das fadas, são a consequencia da phase sabeista do periodo fetichico. Assentada esta base, é facil de inferir em que povos se originaram as Fabulas, e como ellas se desenvolveram passando como themas consagrados para outras civilisações que lhe deram intuito moral no Apologo. A raça negra é que ainda se não elevou do culto fetichista, e as raças amarellas, como os Accadios e Chinezes, desenvolveram o seu Fetichismo de um modo abstracto synthetisando-o na abobada celeste, An, Zi-An ou Thian. É n’estas duas camadas que devem ser procurados os typos rudimentares dos contos, ainda na fórma de lapidarios e bestiarios. Assim tornam-se de facil explicação os factos extraordinaríos da simultaneidade das fabulas do cyclo da Raposa na Europa da Edade media e nas populações selvagens da Africa, como se vê pela collecção do Dr. Bleck, e da similhança dos contos dos zulus com os europeus, como notou Max Müller, analysando as Nursery tales, traditions and histories of the Zulus, colligidas por Callaway.

Por outro lado já vêmos sem surpreza a tradição chineza Dos membros e do estomago apparecer ali com a fórma