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Página:Contos Tradicionaes do Povo Portuguez.pdf/326

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lhousse e catou toda a casa e achou a aleyvosa da covilheira com o pellote vestido de ssa senhora sô o leito, e preguntoulhe porque fizera tall feito, e ella lhe disse que fizera como máa e elle mandoua matar e queymar por aleyvosa: e ficou com gram pesar d'este cajam que lhe acontecera e bem quisera sa morte.

(Os Livros de Linhagens, p. 266. Ed. cit.)




129. A LINHAGEM DOS MARINHOS


Foi hum cavalleiro boo que ouue nome dom Froyam, e era caçador e monteiro. E andando huum dia em seu cavallo per rriba do mar a seu monte achou huma molher marinha jazer dormindo na rribeira. E hiam com elle tres escudeiros seus, e ella quando os semtio quisesse acolher ao mar, e elles forom tanto em pós ella ataa que a filharom ante que sse acolhesse ao mar; e depois que a filhou aaquelles que a tomarom fea poer em huuma besta e levoua pera sa casa. E ella era muy fermosa, e el fea bautizar, que lhe nom caia tanto nome nenhum como Marinha porque saira do mar, e assy lhe pos nome e chamaromlhe dona Marinha: e ouve della seus filhos, dos quaaes ouve hum que ouve nome Joham Froyaz Marinho. E esta dona Mariqha nom fallava nemygalha. Dom Froyam amavaa muyto e nunca lhe tantas cousas pode fazer que a podesse fazer fallar. E huum dia mandou fazer muy gram fogueyra em seu paaço, e ella viinha de fóra e tragia aquelle seu filho comsigo que amava tanto como seu coraçom, e dom Froyam foi filhar aquelle filho seu e della e fez que o queria enviar ao fogo; e ella com rayva do filho esforçou de braadar e com o braado deitou pella boca huuma peça de carne, e dalli em diante fallou. E dom Froyam rreçebeoa por molher e casou com ella.

(Os Livros de Linhagens, p. 383.)