— Eu te farey justiça depois que veer.
Respondeu a viuva:
— E se tu morreres en a batalha quem me fará justiça?
E disse-lhe o emperador:
— Aquell que reynar depos my.
E disse a viuva:
— E que aproveytará a ti se outrem fizer justiça?
E o emperador respondeu:
— Certamente nom me aproveytava nenhuma cousa.
E disse a viuva:
— E pois nom he milhor que tu me faças justiça e ajas ende o gualardom ca o leixares a outrem.
E entom decendeo o emperador do cavallo com piedade, e fez aly justiça da morte d'aquel filho da viuva. E outrossy aconteceu huma, que o filho deste emperador Trajano hya correndo pella villa em hum cavallo e per aqueecimento sem seu grado, matou hum filho de huma viuva, e ella queyxouse ao emperador chorando. E o emperador deu entom aquelle seu filho em logo d'aquelle que lhe matara e deulhe muyto aver com elle.
(Op. cit., Fl. 20.)
Hum avarento jazia muy mal enfermo pera morte.
Este homem avia muytas riquezas e nunca se aproveitava dellas nem tanto a deus, nem quanto ao mundo, nem pera seu corpo. E jazendo assy chegado aa morte, sua molher entendendo que nom avia em elle vida, chamou huma sua servente e disselhe:
— Vay tostemente e compra tres varas de burel pera envolvermos meu marido em que o soterrem.