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desposa um principe. Sobre o rapto por uma aguia, diz Husson: «Os contos populares gregos mais ou menos conservados pelos poetas ou reproduzidos nos vasos pintados, fazem-nos conhecer muitas nymphas encantadoras, Thalia, Egina, Ganymeda, Asteria, egualmente arrebatadas por uma aguia divina.» Em uma versão popular de Abrantes, ha o estribilho:

Tesourinha, tesoureta,
Corta aquella lingueta.


6. A filha do rei mouro. — Ha uma outra versão intitulada Grisme e Guiomar, nos Contos nacionaes para crianças, n.º XV. Porto, 1883. No Violier des Histoires romaines (Gesta Romanorum), cap. V, vem esta situação sem o maravilhoso da fuga dos dois amantes. No Pentamerone, de Basile, é Petusinella, que foge lançando successivamente tres nozes, que recebem varias transformações. Nos Contos zulus, de H. Callaway, ha o de uma rapariga perseguida pelos canibaes, que vae deixando cair atraz de si grãos de sésamo. O mesmo em um conto russo em que a Boba-Yaga corre atraz de uma rapariga. O mesmo episodio apparece no Aprendiz do Mago, n.º 11. O conto n.º 17, o Cavallinho das sete côres, é uma variante notavel, pelo episodio do esquecimento produzido pelo abraço em uma pessoa de casa. As transformações dos amantes que fogem, acham-se nos contos esthonianos, citados por Gubernatis, de Kreuzenwal. (Myth. zoologique, t. I, p. 180.) Vide nota 1, in fine, acerca do syncretismo do conto da Filha da Feiticeira.


7. As fiandeiras. — Nas Fire Side Stories of Ireland, de P. Kennedy, acha-se este conto, e traduzido por Brueyre com o titulo A priguiçosa e suas tias. (Contes populaires de la Grande Bretagne, n.º XXII, p. 159.) Entre as differentes fontes, cita a versão escosseza da collecção de