14. A sardinhinha. — Gubernatis cita differentes contos russos das collecções de Afanasieff e de Erlenwein, de Ferraro, etc., do peixe que dá fortuna. (Myth. zoolog., II, 357.) Nas Notte piacevoli, III, fabula 1.ª, vem este conto, que tambem figura no Pentamerone de Basile, Jornada III, fab. 1.ª No Catapalha Brâhmana, e no Mahâbharatha, Manu socorre um peixe, de quem recebe depois a salvação do diluvio. Vichnu tambem os transforma em peixe. Husson cita um fragmento de um conto colligido por Luzel (Chaine traditionelle, p. 60.) A menina-pagem accusada pela rainha é o thema de um conto citado por Gubernatis (Myth. zoolog., t. II, p. 405), colligido em Antignano. Nos Contos populares portuguezes, n.º XIX, vem sob o titulo A afilhada de Santo Antonio, versão de Coimbra; repete-se na ilha de Sam Jorge com o nome A afilhada de Sam João. Consiglieri Pedroso cita o conto russo da collecção de Afanasiev, n.º 162, O sapatinho de ouro (Zolotoii bachmatchola) que pertence ao cyclo do peixe encantado.
15. Maria da Silva. — Ha outras versões portuguezas oraes. Nas Fiabe, Novelle e Racconti, de G. Pittré, vem a versão italiana sob o n.º 100. Na ilha de Sam Jorge é repetido com o nome de Maria das Silvinhas, como vemos pelas notas do eminente collector Dr. João Teixeira Soares. Nos Contos populares portuguezes, n.º LVIII, vem uma versão de Coimbra, com o mesmo titulo da do Algarve, e tambem com estribilhos poeticos:
Procura, procura,
Que a que chora
Ainda hade ser tua.
N'uma silva fui achada,
Por uma cabra fui criada;
Um pastor me educou,
E agora aqui estou.