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pertencente a este mesmo cyclo. Na mesma obra, t. II, p. 36, traz outra versão italiana d'este conto com o titulo O rei dos assassinos, não colleccionada. Nos Contes populaires de la Grande Bretagne, trad. de Brueyre, vem uma versão de Yorkshire, colligida por Gould nos Curious Myths, com uma nota interessante a pag. 407. Segundo Brueyre, a parte mythica do conto é a mão de gloria, que se liga ao mytho do fogo. No Folk-Lore andaluz, p. 308, ha uma versão do marido que mata as mulheres, até que a ultima vinga as irmãs. Este mesmo thema subsiste nos contos populares portuguezes no romance do Rico Franco. Na Biblioteca de las Tradiciones populares españolas, t. I, p. 149, vem uma versão de Sevilha, intitulada Mariquilla la ministra, em que se confunde tambem o conto da Maria Sabida.


43. O rei de Napoles. — Nas Nuits facetiennes, de Straparola (ed. elz.), IX, fab. 1.ª, vem este conto com a mesma situação das joias e da donzella escondida pelo pae.


44. O matador de bichos. — É uma das lendas mais queridas da Edade media, do pae ou avô que conhece o filho ou neto abandonado, pela sua valentia extraordinaria. As Gestas desenvolveram este thema epico. Trogo Pompeu cita um fragmento de um poema dos Turdetanos, que é o conto do rei Abidis, neto do rei Gargoris, nascido de uma fragilidade de sua filha; tendo-o exposto a todos os perigos para que a criança morresse, sobrevive a tudo e é nomeado pelo avô successor do seu reino.


45. As nozes. — É o conto das Tres Cidras do Amor, modificado segundo os fructos predilectos de cada terra, cidras, laranjas ou nozes. Sobre os paradigmas d'este conto universal, vid. n.º 46. Don Agustin Duran, no Ro-