Flores temporum, tambem allude ao facto da papisa Joanna, seguindo-se a este outros, como João de Paris, Sifrid de Misnia, Sozomeno, Barlaam, monge da Calabria, e Amalarico d'Auger, na sua Nomenclatura chronologica dos Bispos de Roma. Petrarcha, na Vida dos Imperadores e dos Papas, e Boccacio, na obra De claris mulieribus, citam como facto historico a realidade da papisa Joanna, que mais tarde Allatio attribuiu impudentemente a fabricação dos protestantes. Basta-nos citar estas auctoridades para se conhecer por que via este facto penetrou no conhecimento dos theologos portuguezes do seculo XIV, e com que intuito o citou Frei Hermenegildo de Tancos no Orto do Esposo. Merece consultar-se a monographia de Emm. Rhoïdes, La Papesse Jeanne, p. 64 a 71.
142. O firmal de prata. — O thema da joia engulida por um peixe, persiste na tradição popular (vid. n.º 10); ou engulida por uma aguia (vid. n.º 21). Nas Cantigas de Santa Maria, de D. Alfonso el Sabio, sec. XI, n.° CCCLXIX, tambem se acha esta lenda.
144. O cavalleiro e o pacto com o diabo. — Esta tradição é ainda popular na Italia, e acha-se colligida na Sicilia por Pittré; a Edade media elaborou-a profundamente em cantos, contos e autos. Acha-se na narrativa do rei de Castella, Dom Sancho o Bravo, intercalada no El Libro de los Exemplos; e foi o assumpto de um drama do velho theatro francez Du chevallier qui donna sa femme au dyable. Du Puymaigre cita uma ballada allemã sobre este mesmo thema. (La Poesie populaire en Italie, p. 42.) Nas Cantigas de Santa Maria, por D. Alfonso el Sabio, n.º CCXVI, vem esta lenda curiosa.
145. O Diabo escudeiro. — Acha-se tambem nas Cantigas de Santa Maria, por D. Alfonso el Sabio, cap. VII, n.º LXVII.