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215. A obra de Sam Pedro. — Gubernatis, na Mythologia zoologica, t. I, p. 325, explica o sentido mythico das lendas da troca de cabeças.


216 a 227. — Na Italia e Hespanha são frequentes estas lendas, ultimo vestigio da elaboração dos Evangelhos populares a que a Egreja chama apocryphos. Pittré colligiu-as sob o titulo de Cyclo legendario evangelico. Na Andaluzia este genero de contos tem um nome popular; chama-se-lhes Susedios e Suseíos, considerando-os não como contos mas Succedidos (acontecidos). Rodriguez Marin colligiu Cinco contezuelos populares andaluzes, em que Sam Pedro é o heroe, uma especie de Sancho.


221. — Vem como superstição, sob o n.º 603, colligida por Consiglieri Pedroso.


225. — O mesmo sob n.º 605, ampliando a lenda com as seguintes: «Os pinhões tambem foram amaldiçoados por denunciarem a passagem da Senhora com barulho. Os fetos egualmente foram amaldiçoados pelo mesmo motivo; e esses então ficaram com as mãos na cabeça (as folhas voltadas para cima). Sob o n.º 614 traz a lenda da origem do Gato — nascido da baba do leão.


232. — Esta lenda repete-se na Galliza, substituindo á Virgem Sam Thiago, e localisa-se em outras lagoas, como a de Doniños e Riega; o historiador Morguia considera esta crença da submersão de Valverde como a tradição inconsciente e remota passagem das cidades lacustres para as aldeias territoriaes. A lenda da condemnação é commum a outras cidades de origem lacustre, como a Ars affundada no lago de Paradru. Diz o Dr. Anselmo de Andrade, de quem tomamos estes factos: «Na tradição portugueza encontra-se tambem mencionado este genero de peccado e de expiação. Uma cidade transmontana,