saudades. A rapariga, que não sabia que o namorado era o principe, veiu á côrte deitar-se aos pés do rei para lhe valer:
Suppondo servo de Deus
Na terra fazeis de rei
E que sempre sem suspeita
Fazeis justiça direita;
Pois alto rei sabei
Que a mim um cavalleiro
Com um amor verdadeiro
Protestou ser meu marido,
E entrou no meu aposento
Conseguiu o seu intento;
E eu como humilde criada
Batida e infamada
N’este campo de mudança
Peço aos vossos pés vingança.
O rei disse:
Levantae-vos nobre dama,
Cobrarás credito e fama,
Que será bem castigado
O que vos tem deshonrado.
E mandou chamar o principe, que estava passeando no jardim para vir á sua presença; o principe veiu suspirando:
A ella trago no pensamento,
Por ella estou n’um tormento.
O Conde-Soldadinho, que o acompanhava disse: — Pois por uma pobre pastora suspiraes!
— Calae-vos, meu amigo; que tambem eras soldado, e meu pae vos fez conde sem o teres merecido.
Quando chegou á presença do rei contou-lhe tudo, e o rei deu-lhe ordem para casar com a pastora.
(Algarve.)
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