Página:Contos amazonicos.djvu/144

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que encontrava, como qualquer curumim sem prática da arte; mas o tinhoso falou na alma de meu companheiro que, sem mais aquela atirou o laço e segurou os cornos da vaca. Ela, coitadinha, se empinou toda, deixando ver o peito branco, com umas tetinhas de moça, palavra de honra! E eu para não parecer que receava o lance, botei-lhe a minha corda também. Olhem que corda tecida por mim é dura de arrebentar, pois arrebentaram ambas como se fossem linha de coser, só com um puxão que a tal vaquinha lhes deu, e vai senão quando com a força, cai a vaca no chão e fica espichada que nem um defunto.

Cá pra mim que conheço as manhas do povo com que lido, disse logo que aquilo era fingimento, e botei-me pra ela pra a sujeitar pelos chifres, que para isso pulso tinha eu, não é por me gabar. Mas qual fingimento, nem meio fingimento! A vaca estava morta e bem morta, como se a queda lhe tivesse arrebentado os bofes, apesar de eu a ter visto, havia tão pouco tempo, viva e sã como nós aqui estamos, mal comparado, o que mostra que o homem não é nada neste mundo.