Página:Contos amazonicos.djvu/78

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Seriam dez horas da manhã quando a comitiva atravessou a linda campina que se estende diante do cemitério e internou-se nas matas que cercam a pitoresca Vila Bela. O caminho para o Macuranim é uma estreita vereda, toda por baixo de árvores. Os araçazeiros, os maracujás, as goiabeiras, os caramurus, entrelaçando os galhos, formam uma abóbada de verdura. As folhas secas, que lastravam o chão, estalavam sob os pés dos transeuntes, e os bem-te-vis, os titipururuís, os alegres e farsantes japiins encantavam o ouvido com a sua vária melodia. De vez em quando, o leve murmúrio de algum regato, oculto entre moitas de flores silvestres, confundia-se com as diversas vozes da floresta dominadas pelo assovio agudo do urutaí, ao longe, na densidão do mato. A sombra de cajueiros folhudos, matizados de encarnado, chora a juruti solitária, e responde-lhe a gargalhada zombeteira da maritaca. Um perfume forte, um grande cheiro de flores e de frutas punha na alma uma disposição alegre de correr e de brincar pelas campinas, de mastigar folhas verdes, de vagar por entre os troncos cheios de seiva