Página:Contos amazonicos.djvu/80

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no lago as folhas de diversas cores, e em alguns lugares o escondem completamente. As brancas flores da batatarana e outras de variegado colorido boiam à tona da água aninhando rolas e jaçanàs. A trechos, o peixe-boi bota fora a cabeça escura, buscando o capinzinho da margem, as pescadas e os tucunarés em rápida rabanagem vêm respirar o ar cálido do meio-dia enrugando de leve a superfície calma do Macuranim.

Foi ali, à beira desse tranquilo e pitoresco lago, formado por águas do Amazonas, que o capitão Amâncio e os amigos passaram aquele formoso dia, de fins de dezembro, que tão fatal devia ser à faceira Mariquinha. Os galanteios de Lourenço, as suas maneiras delicadas, a excitação da vaidade pela emulação provocada pela filha do juiz, despertaram no coração da afilhada do Álvaro Bento uma paixão profunda. A primeira revelação desse sentimento teve-a Mariquinha no despeito intenso causado pelas manobras da filha do juiz para apoderar-se da atenção do Lourenço de Miranda. Este, depois de ter se ocupado quase toda a manhã de Mariquinha,