Saltar para o conteúdo

Página:Contos e phantasias (Maria Amália Vaz de Carvalho, 1905).pdf/132

Wikisource, a biblioteca livre
126
CONTOS E PHANTASIAS

sujeito de bigode e collete branco que lhes recitou versos ao piano entre dois candelabros; ás que andam toda a vida á procura de um ideal que ora encontram ora deixam, percebendo que se enganaram; ás que usam olheiras e cabellos cahidos, e fallam do seu desespero inconsolado entre uma quadrilha e uma valsa.

Para mim essas mulheres são tudo menos romanescas.

Sabes ao que eu chamo romantismo?

A uma aspiração delicada, a tudo que é bello e bom. A um desejo ardente de perfeição que se não satisfaz facilmente. A uma tendencia para idealisar os deveres e os sentimentos.

Crê, minha boa Thereza, que não ha ninguem mais romantica do que eu!

Chego ás vezes a ter medo de que isto seja um pendor funesto que me arraste a algum desvario.

No outro dia casou aqui uma prima minha.

É uma galante rapariga, bem educada e intelligente.

Encontrou o noivo uma duzia de vezes, elle pediu-lhe licença para confessar aos paes que a amava muito.

D’alli a dous mezes, concluidos os preparativos, casaram-se.

Não se conhecem nada, mas como as fortunas,