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CONTOS E PHANTASIAS

como que por encanto ante essa palavra magica, solta pelo gageiro — terra!

Os passageiros eram, na maior parte, gente de baixa condição e de ambições modestas: tinham sido no Brazil carroceiros, feitores de roça, carpinteiros e pedreiros.

Vinham com pouco dinheiro, mas traziam grande abundancia de saudades; tinham soffrido, padecido longe da patria, mas como ella os ia compensar de todas essas amarguras!

A alegria bailava em todos os olhos.

Ah! o capitão Navarro, apezar de ter feito aquella viagem cincoenta vezes, tambem vinha contente e esfregava as mãos, tomado de um jubilo desmedido.

Quando o piloto se correspondia com o castello da barra, o capitão impaciente, mas sem perder o seu aspecto risonho e benevolo, perguntava:

— Deixam-nos ou não nos deixam entrar a barra?

— Estão-me agora a perguntar se morreu alguem a bordo.

— Ora essa! Morto estou eu por me vêr em Massarellos. Querem vêr que ainda temos que ir dar com os ossos em Vigo? Com mil bombas! Era o que me faltava agora!

Mas não aconteceu o que o capitão receiava: