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CONTOS E PHANTASIAS
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seus companheiros, chorou quando viu pela primeira vez a Terrivel fazer-se de vela sem elle, mas ficou em terra.

Tinha saudades, isso tinha, do mar, da solidão magestosa das aguas, da melancolia das horas da calma, das tempestades que, de quando em quando, o visitavam, mas fitava os olhos azues da filha e bebia n’elles consolações que lhe amorteciam essas maguas.

Ás vezes, sahia de casa acompanhado pela Cigana, e ficava-se á beira do mar, observando os navios que passavam a distancia, absorvendo a plenos pulmões o saudavel ar maritimo, regalava-se conversando com os pescadores e com os embarcadiços, e n’essas tardes recolhia mais alegre e com o corpo mais direito e rejuvenescido.

Outras vezes, ia n’um bote pelo amenissimo rio Lessa acima, e n’essas excursões levava quasi sempre a sua querida Luiza, e quasi sempre n’esses passeios em que elle contava á filha as peripecias de toda a sua vida trabalhosa, encontrava-se com outro bote em que ia ao leme um moço de vinte annos, elegante e galhardo que o comprimentava respeitosamente.

Á terceira vez que aquelle encontro se deu, o velho disse á filha:

— Não sei se conheço aquelle moço? É o filho