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Página:Contos e phantasias (Maria Amália Vaz de Carvalho, 1905).pdf/163

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DUAS FACES DE UMA MEDALHA


Ella tinha já feito vinte e cinco annos, elle contava apenas vinte e dous.

Era uma creança triste e ambiciosa.

Sonhava no impossivel, e n’esse sonho creava forças heroicas para todas as luctas da realidade.

Margarida distinguira-o no meio de todos os homens ricos, elegantes, nobres ou poderosos, que a rodeavam e acclamavam rainha.

É que na fronte d’elle, já cavada por duas linhas profundas, lia o que não lera ainda nos outros — o pensamento e a energia.

Sabia, porém, que seu pae, o banqueiro millionario, só a daria com prazer a quem trouxesse mais lustre ou mais dinheiro á sua casa, e timida, melancolica, sem disposições para as luctas da vida,