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CONTOS E PHANTASIAS
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A velha abeirou-se da cama, desdobrou as roupas, ageitou a travesseirinha de largos bordados tesos e engommados, e voltando-se para o filho que examinava tudo curiosamente:

— Agora toca a deitar! Tenho tanta pena que me não trouxesses uma nora! pois eu creio que lá no Brazil ha muitas moças bonitas, pois não ha?

O brazileiro sorria-se, e a mãe incansavel enchia-o de perguntas, de mimos, de recommendações, até que sahiu abençoando-o com toda a sua alma, rude mas extremosa.

Francisco Cerqueira deitou-se, e ainda que lhe parecesse que o haviam de incommodar os pesados lençoes de linho duros e asperos, adormeceu profundamente.

Sonhou. Estava no Brazil, os socios tinham chegado da Europa, vinham queimados da viagem, mas contentes; contavam anecdotas e casos succedidos durante o passeio.

Que Portugal era um jardim, o Minho sobretudo! não se fazia ideia.

Narravam a maneira como tinham sido recebidos na aldeia natal, as festas, as alegrias da che-