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CONTOS E PHANTASIAS

Adriana era... o que d’alli a alguns annos haviam de ser as futuras cunhadas.

Tinha a mais umas tincturas de coquetterie parisiense, coquetterie mal ensaiada, mais collegial do que mundana.

Não se iguala nem se descreve o desdem com que ella cumprimentou Martha. Era uma vingança retrospectiva do que as suas proprias mestras lhe haviam feito passar.

Nos olhos azues de Martha passou um relampago de colera fugitiva, mas não disse nada. O que havia ella de dizer áquella gente, que a considerava um traste... bem pago?

Adriana, a quem cabiam as honras da noite, sentou-se ao piano e tocou.

Tocou as musicas de Martha, com a agilidade e com o brio de uma pianista experimentada.

Depois, levantando-se no meio de palmas e de bravos, indicou á mestra o lugar que deixára n’uma especie de altivo desafio.

É que uma das irmãs de Julião lhe dissera n’um risinho de malicia, que o irmão gostava muito de ouvir Martha.

A moça levantou-se com um gesto automatico, sentou-se ao piano e sem mesmo olhar para as musicas dispersas principiou a tocar.

Foi um adeus soluçante, cheio de lagrimas, onde