Página:Contos e phantasias (Maria Amália Vaz de Carvalho, 1905).pdf/280

Wikisource, a biblioteca livre
274
CONTOS E PHANTASIAS

prodigios para mobilar, como um artista millionario, o ninho em que havia de receber a adorada mulher que deixava por elle as pompas seculares da sua vida opulenta, que succumbiu ao excesso das fadigas e que ao tocar com os labios sofregos o pômo tantas vezes sonhado, o sentiu esvaír-se em cinzas, como em cinzas se esvaía a sua vitalidade opulenta!

É esta lucta d’um tragico sublime, mais interessante do que todos os romances que Balsac escreveu, que se desenrolla com uma belleza maravilhosa na sua Correspondencia, cuja leitura aconselhamos sem hesitação a todas as nossas leitoras, cousa que não fariamos a respeito da obra do escriptor, apesar da sua incontestavel e radiante formosura.

É preciso ler estes dois volumes para saber como o grande romancista soffreu e como se compram caras as glorias do genio, tão invejadas pela turba.

«Não tenho nem uma hora para chorar, nem uma noite para descançar!», diz elle n’uma das suas cartas.

Madame Hanska é comtudo para o titan, infatigavel e sempre vencedor, a suprema doçura, o balsamo ineffavel de todos os instantes.

«Ó minha querida alma fraternal, tu és a santa,