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CONTOS E PHANTASIAS
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ao sinistro som da trompa funeraria; Gennaro saberia confessar as suas indignações austeras e os seus odios inquebrantaveis; Marius saberia amar a honra impolluta como as virgens, brilhante como as espadas, implacavel como a eterna justiça.

Do que elles precisavam era de risos, de flôres, de caricias e de beijos.

Precisavam de quem os arrancasse á contemplação do seu deslumbramento ideal e lhes dissesse ao ouvido ternamente, melodiosamente:

— Olha! eu sou a graça, sou a poesia, sou o esquecimento, sou a embriaguez. Tenho só um nome, que vale por todos e a todos sobreleva: eu sou o amor!

E não são mais nada as mulheres creadas pelo genio portentoso de Hugo!

O amor, sempre o amor.

O amor egoista, o amor cego, o amor absorvente, exclusivo, com os seus pudores instinctivos, as suas ignorancias virginaes e as suas aspirações insaciadas a fatalidade irresistivel da sua força!

No seu primeiro drama, Hugo todo imbuido das ideias cavalleirescas do romanceiro, creou um typo de mulher que é talvez um dos mais bellos da sua formosa e radiante galeria.

Dona Sol sabe amar impetuosamente, ardentemente, e n’esse amor que é a nota predominante