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CONTOS E PHANTASIAS

do seu caracter, encontra força para todas as resistencias viris.

Como ella é dôce e humilde enlaçada pelos braços valentes do seu senhor, do seu leão das montanhas, do seu principe bandido, do seu rebelde e indomavel cavalleiro!

Sorrisos, olhares, vozes, caricias, tudo é de velludo!

Um desejo d’elle, tem-na escrava! no entanto sabe por instincto, que elle o heroe, o forte lhe não póde pedir cousa alguma que a filha de um paladino das Hespanhas deva recusar envergonhada.

Quem dirá que aquella graça póde fazer-se indignação, que aquella flexibilidade ondeante póde transformar-se em revolta implacavel?

É que n’ella ha de tudo! porém esse tudo é simplesmente amor.

Appareça outro que a requeste, outro que ouse amal-a, e a pomba saberá ser leôa, para defender o seu thesouro!

Mas de que lhe vem a força com que ella domina, a indignação austera que a transfigura? Do coração.

As mulheres de Hugo não pensam, não raciocinam, amam! Isso lhes basta.

E se a fome ás vezes as perde, se a maldade e