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CONTOS E PHANTASIAS

a rirem e a cochicharem entre si, contentes da nova companheira que lhes chegava de longe, mas muito mais contentes ainda d’aquella atmosphera festiva e perfumada que as envolvia.

No meio d’esse grupo encantador é que ella estava de pé.

Um corpo deliciosamente modelado, de uma graça franzina e toda moderna.

Tinha um vestido de foulard muito justo, muito elegante, e no meio dos rôlos do seu crespo cabello louro aninhava-se uma rosa vermelha, uma rosa côr de sangue.

Os olhos azues, altivos e desdenhosamente fixos lembravam... os olhos metallicos de sua mãe.

Pois era aquella a sua Margarida?!

Era.

Não lhe restava a menor duvida. Apesar de todas as differenças tinha-a conhecido logo.

A sua limpida testa de creança um pouco curta, indicio de obstinação e de capricho; a sua bocca pequenina, até alguma cousa dos seus gestos antigos, tudo trouxe ao coração de Thadeu uma lufada de saudades irresistivel.

Correu para ella como doudo, atravessou pelo meio de toda aquella gente, sem a menor timidez, sem o menor receio, sem notar sequer o espanto que a sua comica apparição tinha excitado.