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CONTOS E PHANTASIAS

convento das Salesias em Lisboa, de onde recolheu quando o irmão entrava para o primeiro anno juridico.

— É preciso estudar, Antonio, olha que se eu não tivesse aquellas cartas, tinha de andar a cavar nas hortas de meu irmão, ou de esmolar nas escadas ignobeis das secretarias um logar de porteiro ou de amanuense, e isto ainda assim, apresentando como documento dos meus serviços aquella farda...

Não eram necessarios estes conselhos. Antonio de Vasconcellos foi sempre um sisudo moço, estudioso, o que não quer dizer que aquella mocidade fosse bisonha e avessa ás ridentes alegrias dos vinte annos.

Pobre da arvore que ao sorrir da primavera se não estrelleja de flores, e em cujos ramos folhudos e a revêrem seiva não cantam as toutinegras e não assobiam os melros!

Recolhia-se á sua casa, em Coimbra, o moço estudante, alegre e contente de si por ter correspondido bizarramente, n’uma sabbatina, ao alto conceito em que o curso o tinha, quando lhe entregaram uma parte telegraphica.