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CONTOS BRASILEIROS
Eu tinha e no coração;
Nem a mais leve maldade
Me perturbava a razão.
Alcançando a liberdade,
Eu não daria em devassa,
Pois era trabalhadeira,
Nada tinha de madraça.
E ficar ali mettida
Foi toda a minha desgraça.
Que já estava arrependida
Do casamento, uma vez
Me confessou sinhásinha,
Não era passado um mez...
Passados dous, que tristeza!
Que prantos, passados tres!
Fiquei devéras sorpresa
Ao seu primeiro gemido,
Pois achava aquelle moço
Um excellente marido,
Delicado, attencioso,
Sempre muito bem vestido!
Logo elle viu, pezaroso,
Que ella não lhe tinha amor...
Durára aquelle capricho
O que durára uma flor
Que a noíva um dia lhe dera...
Triste, ephemero penhor!