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O COPO
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Dividir egualmente
E fazer com que tudo se accommode,
A donzella imprudente
Gostava mais do Alfredo que do Alberto.

O Alfredo era, de certo,
O mais digno de ser por ella amado;
Era um rapaz muito morigerado,
Caracter de ouro, coração aberto,
Estimado por toda a gente séria,
E, pela sua educação, munido
Contra o negro fantasma da miseria;
Ao passo que o Alberto era um perdido:
Ignorante, vadio, sem futuro,
Que quasi aos trinta aos trambolhões chegára
Sem na vida achar furo:
Mas... tinha boa cara,
E boas roupas, e era petulante,
E o Alfredo um modesto, um hesitante,
Que de tudo e por tudo tinha medo.

Naquella festa de S. João, o Alfredo,
De ciumes ralado,
Por ver o seu rival considerado,
As penas da sua alma soffredora
N’um canto do quintal esconder fôra,
Que, apezar da fogueira, estava escuro,
— Quando viu a Ritinha,
Pé ante pé, sósinha,
Vir de casa, chegar junto de um muro,