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Página:Contos em verso.djvu/55

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A NUVEM
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Sabidas essas notas,
Ninguem crerá que o moço de melenas
E chapéo desabado
Ali fosse levado
Por alguma daquellas tres pequenas,
Que não só eram feias como puras.

Não te percas, leitor, em conjecturas:
O capitão Pedrosa
Tinha em casa uma «cria» appetitosa,
Que o somno a muita gente
No Maranhão tirava
Inconscientemente...

Era mestiça e tinha sido escrava,
Ou filha de uma escrava, a rapariga
Que tanta gente boa cubiçava
No tempo em que se passa a historia antiga
Que vim, leitor, contar-te
Com toda a singeleza, mas sem arte.

Mas não estranhes que tirasse o somno
A humilde creatura,
Pois era um ideal de formosura,
Que merecia um throno!
A côr de jambo, o labio nacarado;
O cabello ondulado,
Negro, da negridão dos olhos bellos,
Desafiando anhelos;
Dentes alvos; nariz arrebitado,

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