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Página:Contos em verso.djvu/57

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A NUVEM
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Demais, qualquer das tias, desdenhada
Pelos rapazes dos saráos de outr’ora,
Inveja tinha agora
A’ bella requestada.
«Passámos pelo indomito desgosto,
Pensavam ellas, de ficar solteiras
Por sermos feias; queiras ou não queiras,
Tambem o ficas... por motivo opposto.»

Eis que chega a novena
De São Thiago. As filhas do Pedrosa
Uma noite não perdem. Vai com ellas,
Elegante e garbosa
A nossa Philomena,
Guardada á vista pelas tres donzellas.

Durante á cerimonia religiosa,
Na pequenina egreja. á quarta noite
(Moça opprimida é justo que se afoite...)
Ella notou que um moço,
Que já de outra novena conhecia
E lhe causára um intimo alvoroço,
Certos signaes de longe lhe fazia,
Mostrando-lhe um bilhete que trazia;
Pezar de muito esperta,
Responder não podia:
As tres estavam de olho e ouvido alerta.

A situação comprehende o moço, e logo,
Como se endoidecesse de repente,
Grita: — Fujam, que ha fogo! —