Negro e farto bigode
Que um nickel de tostão esconder póde;
Bellos dentes e labios nacarados
Que (dizem, não affirmo) são pintados.
Mas é um mysterio a vida planetaria
Desse elegante, que se não emprega
Sinão naquella exhibição diaria
Que em seu redor tantos patáos congrega
Na rua do Ouvidor e em toda a parte
Onde haja riso e pandega que farte,
E as duras penas de trabalho afogue.
Elle não é nenhum capitalista,
E não consta que herdasse nem que jogue,
Como, pois, explicar que assim resista
A uma vida tão cara e tão vadia?
E toda a gente ignora
A sua moradia;
Nunca disse a ningnem onde é que mora,
Nem ninguem nunca o visitou!
No emtanto,
Leitor amigo, vamos, se quizeres,
Lá do Saco do Alferes
Ao feio bairro, que desprezas tanto,
Procuremos num morro uma casinha
Onde duas mulheres
Cada qual mais mirrada e mais mesquinha,
Noite e dia trabalham, cosinhando,
Engommando, lavando, costurando,