Página:Contos fluminenses.djvu/128

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Devo ir; mas irei encouraçado contra tudo. É preciso romper com estas idéas, e continuar a vida tranquilla que tenho tido.

Estava n’isto quando Menezes lhe entrou por casa. Vinha buscal-o para jantar. Estevão sahio com o deputado. Em caminho fez-lhe perguntas curiosas.

Por exemplo:

— Acredita no destino, meu amigo? Pensa que ha um deos do bem e um deos do mal, em conflicto travado sobre a vida do homem?

— O destino é a vontade, respondia Menezes; cada homem faz o seu destino.

— Mas emfim nós temos presentimentos..... Ás vezes adivinhamos acontecimentos em que não tomamos parte; não lhe parece que é um deos bemfazejo que nol-os segreda?

— Falla como um pagão; eu não creio em nada d’isso. Creio que tenho o estomago vazio, e o que melhor podemos fazer é jantar aqui mesmo no hotel de Europa em vez de ir á rua do Lavradio.

Subirão ao hotel de Europa.

Alli havião varios deputados que conversavão de politica, e os quaes se reunírão a Menezes. Estevão ouvia e respondia, sem esquecer nunca a viuva, a carta e o sandalo.