continuou o credor pegando no Jornal do Commercio que se achava n’uma cadeira: quinta-feira 21.
— Vem buscar o dinheiro?
— Aqui está a lettra, disse o Sr. José Brito tirando a carteira do bolso e um papel da carteira.
— Porque não veio mais cedo? perguntou Vasconcellos, procurando assim espaçar a questão principal.
— Vim ás oito horas da manhã, respondeu o credor, estava dormindo; vim ás nove, idem; vim ás dez, idem; vim ás onze, idem; vim ao meio-dia, idem. Quiz via á uma hora, mas tinha de mandar um homem pata a cadêa, e não me foi possivel acabar cedo. Ás tres jantei, e ás quatro aqui estou.
Vasconcellos puxava o charuto a ver se lhe occorria alguma idéa boa de escapar ao pagamento com que elle não contava.
Não achava nada; mas o proprio credor forneceu-lhe ensejo.
— Além de que, disse elle, a hora não importa nada, porque eu estava certo de que o senhor me vai pagar:
— Ah! disse Vasconcellos, é talvez um engano; eu não contava com o senhor hoje, e não arranjei o dinheiro...
— Então; como ha de ser? perguntou o credor com ingenuidade.