Página:Contos fluminenses.djvu/188

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Vasconcellos sentio entrar-lhe n’alma a esperança.

— Nada mais simples, disse; o senhor espera até amanhã...

— Amanhã, quero assistir á penhora de um individuo que mandei processar por uma larga divida; não posso...

— Perdão, eu levo-lhe o dinheiro á sua casa...

— Isso seria bom se os negocios commerciaes se arranjassem assim. Se fossemos dous amigos é natural que eu me contentasse com a sua promessa, e tudo acabaria amanhã; mas eu sou seu credor, e só tenho em vista salvar o meu interesse... Portanto, acho melhor pagar hoje...

Vasconcellos passou a mão pelos cabellos.

— Mas se eu não tenho! disse elle.

— É uma cousa que o deve incommodar muito, mas que a mim não me causa a menor impressão... isto é, deve causar-me alguma, porque o senhor está hoje em situação precaria.

— Eu?

— É verdade; as suas casas da rua da Imperatriz estão hypothecadas; a da rua de S. Pedro foi vendida, e a importancia já vai longe; os seus escravos têm ido a um e um, sem que o senhor o perceba, e as despezas que o senhor ha pouco fez para montar uma casa a certa dama da sociedade equi-