especial que eu não fosse á noite ao theatro Lyrico. Dizia elle que não podia acompanhar-me por ser vespera de sahida de paquete.
Era razoavel o pedido.
Não sei, porém, que espirito máo sussurrou-me ao ouvido e eu respondi peremptoriamente que havia de ir ao theatro, e com elle. Insistio no pedido, insisti na recusa. Pouco bastou para que eu julgasse a minha honra empenhada n’aquillo, Hoje vejo que era a minha vaidade ou o meu destino.
Eu tinha certa superioridade sobre o espirito de meu marido. O meu tom imperioso não admittia recusa; meu marido cedeu a despeito de tudo, e á noite fomos ao theatro Lyrico.
Havia pouca gente e os cantores estavão endefluxados. No fim do primeiro acto meu marido, com um sorriso vingativo, disse-me estas palavras rindo-se:
— Estimei isto.
— Isto? perguntei eu franzindo a testa.
— Este espectaculo deploravel. Fizeste da vinda hoje ao theatro um capitulo de honra; estimo ver que o espectaculo não correspondeu á tua expectativa.
— Pelo contrario, acho magnifico.
— Está bom.