Página:Contos fluminenses.djvu/240

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alto, magro, elegante. Não pude conhecêl-o. Meu marido adiantou-se, e no meio do silencio geral veio apresentar-m’o.

Ouvi de meu marido que onosso conviva chamava-se Emilio ***.

Fixei n’elle um olhar e retive um grito.

Era elle!

O meu grito foi substituido por um gesto de sorpresa. Ninguem percebeu. Elle pareceu perceber menos que ninguem. Tinha os olhos fixos em mim, e com um gesto gracioso dirigio-me algumas palavras de lisongeira cortezia.

Respondi como pude.

Seguírão-se as apresentações, e durante dez minutos houve um silencio de acanhamento em todos.

Os olhos voltavão-se todos para o recem-chegado. Eu tambem voltei os meus e pude reparar n’aquella figura em que tudo estava disposto para attrahir as attenções: cabeça formosa e altiva, olhar profundo e magnetico, maneiras elegantes e delicadas, certo ar distincto e proprio que fazia contraste com o ar affectado e prosaicamente medido dos outros rapazes.

Este exame de minha parte foi rapido. Eu não podia, nem me convinha encontrar o olhar de Emilio. Tornei a abaixar os olhos e esperei anciosa que a conversação voltasse de novo ao seu curso.