Página:Contos fluminenses.djvu/241

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Meu marido encarregou-se de dar o tom. Infelizmente era ainda o novo conviva o motivo da conversa geral.

Soubemos então que Emilio era um provinciano filho de pais opulentos, que recebêra uma esmerada educação na Europa, onde não houve um só recanto que não visitasse.

Voltára ha pouco tempo ao Brasil, e antes de ir para a provincia tinha determinado passar algum tempo no Rio de Janeiro.

Foi tudo quanto soubemos. Vierão as mil perguntas sobre as viagens de Emilio, e este, com a mais amavel solicitude, satisfazia a curiosidade geral.

Só eu não era curiosa. É que não podia articular palavra. Pedia interiormente a explicação d’este romance mysterioso, começado em um corredor do theatro, continuado em uma carta anonyma e na apresentação em minha casa por intermedio de meu proprio marido.

De quando em quando levantava os olhos para Emilio e achava-o calmo e frio, respondendo polidamente ás interrogações dos outros e narrando elle proprio, com uma graça modesta e natural, alguma das suas aventuras de viagem.

Occorreu-me uma idéa. Seria realmente elle o mysterioso do theatro e da carta? Pareceu-me ao