Página:Contos fluminenses.djvu/253

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E levantei-me.

Emilio levantou-se.

— Retiro-me, disse elle; e parto com o inferno no coração.

Levantei os hombros em signal de indifferença.

— Oh! eu bem sei que isso lhe é indifferente. É isso o que eu mais sinto. Eu preferia o odio; o odio, sim; mas a indifferença, acredite, é o peior castigo. Mas eu recebo resignado. Tamanho crime deve ter tamanha pena.

E tomando o chapéo chegou-se a nim de novo.

Eu recuei dous passos.

— Oh! não tenha medo. Causo-lhe medo?

— Medo? retorqui eu com altivez.

— Asco? perguntou elle.

— Talvez... murmurei.

— Uma unica resposta, tornou Emilio; conserva aquella carta ?

— Ah! disse eu. Era o autor da carta?

— Era. E aquelle mysterioso do corredor do theatro Lyrico. Era eu. A carta?

— Queimei-a.

— Prevenio o meu pensamento.

E comprimentando-me friamente dirigio-se para a porta. Quasi a chegar á porta senti que elle vacillava e levava a mão ao peito.

Tive um momento de piedade. Mas era necessario