Página:Contos fluminenses.djvu/255

Wikisource, a biblioteca livre

mais forte do que a razão; não vio que eu era sagrada para elle; revelou-se. Ama, é a sua desculpa.

Depois repassava na memoria todas as palavras delle e procurava recordar-me do tom em que elle as proferíra. Lembrava-me tambem do que eu dissera e o tom com que respondêra ás suas confissões.

Fui talvez severa de mais. Podia manter a minha dignidade sem abrir-lhe uma chaga no coração. Se eu fallasse com mais brandura podia adquirir d’elle o respeito e a veneração. Agora ha de amar-me ainda, mas não se recordará do que se passou sem um sentimento de amargura.

Estava n’estas reflexões quando entraste.

Lembras-te que me achaste triste e perguntaste à causa d’isso. Nada te respondi. Fomos á casa de tua tia, sem que eu nada mudasse do ar que tinha antes.

Á noite quando meu marido me perguntou por Emilio, respondi sem saber o que respondia:

— Não veio cá hoje.

— Devéras? disse elle. Então está doente.

— Não sei.

— Lá vou amanhã.

— Lá onde?

— A casa d’elle.

— Para que?