Página:Contos fluminenses.djvu/272

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voltaria loco. A viagem devia ter lugar d’ahi a oito dias.

Pedi-lhe que jurasse o que dizia, e elle jurou.

Deixei-o partir.

D’ahi a quatro dias recebia eu a seguinte carta d’elle :

« Menti, Eugenia; vou partir já. Menti ainda, eu não volto. Não volto porque não posso. Uma união comtigo seria para mim o ideal da feiicidade se eu não fosse homem de habitos oppostos ao casamento. Adeos. Desculpa-me, e reza para que eu faça boa viagem. Adeos. Emilio. »

Avalias facilmente como fiquei depois de ler esta carta. Era um castello que se desmoronava. Em troca do meu amor, do meu primeiro amor, recebia d’este modo a ingratidão e o desprezo. Era justo: aquelle amor culpado não podia ter bom fim; eu fui castigada pelas consequencias mesmo do meu crime.

Mas, perguntava eu, como é que este homem, que parecia amar-me tanto, recusou aquella de cuja honestidade podia estar certo, visto que pôde oppôr uma resistencia aos desejos de seu coração? Isto me pareceu um mysterio. Hoje vejo que não era; Emilio era um seductor vulgar e só se differençava dos outros em ter um pouco mais de habilidade que elles.