Página:Contos fluminenses.djvu/312

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— Ah! ora eis-ahi uma novidade.

— Suspeito apenas. Ella só me falla do senhor; indaga-me vinte vezes por dia de sua pessoa, dos seus habitos, do seu passado e das suas opiniões... Eu, como ha de acreditar, respondo a tudo que não sei, mas vou criando um odio ao senhor, do qual não me poderá jámais criminar.

— E culpa minha se ella gosta de mim? Ora, vá descansado, Sr. Diogo. Nem ella gosta de mim, nem eu gosto d’ella. Trabalhe desassombradamente e seja feliz.

— Feliz! se eu pudesse ser! Mas não... não creio; a felicidade não se fez para mim. Olhe, Sr. Tito, amo aquella mulher como se póde amar a vida. Um olhar d’ella vale mais para mim que um anno de glorias e de felicidade. É por ella que eu tenho deixado os meus negocios á tôa. Não vio outro dia que uma carta me chegou ás mãos, cuja leitura me fez entristecer? perdi uma causa. Tudo porque? por ella!

— Mas, ella não lhe dá esperanças?

— Eu sei o que é aquella moça! Ora trata-me de modo que eu vou ao setimo céo; ora é tala sua indifferença que me atira ao inferno. Hoje um sorriso, amanhã um gesto de desdem. Ralha-me de não visital-a; vou visital-a, occupa-se tanto de mim como de Ganimedes; Ganimedes é o nome de um