Página:Contos fluminenses.djvu/319

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Quando ella acabou, perguntou-lhe o velho:

— Que me diz a isto?

— Não comprehendo, respondeu Adelaide.

— Esta carta é d’ella.

— Sim, e depois?

— É para elle.

— Elle quem?

— Elle! o diabo! o meu rival! o Tito!

— Ah!

— Dizer-lhe o que senti quando apanhei esta carta, é impossivel. Nunca tremi na minha vida! Mas quando li isto, não sei que vertigem se apoderou de mim. Ando tonto! A cada passo como que desmaio... Ah!

— Animo! disse Adelaide.

— É isto mesmo que eu vinha buscar... é uma consolação, uma animação. Soube que estava aqui e estimei achal-a só... Ah! quanto sinto que o estimavel seu marido esteja vivo... porque a melhor consolação era aceitar Vossa Excellencia um coração tão mal comprehendido.

— Felizmente elle está vivo.

Diogo soltou um suspiro e disse:

— Felizmente!

E depois de um silencio continuou:

— Tive duas idéas: uma foi o desprezo; mas desprezal-os é pôl-os em maior liberdade e ralar-me