Página:Contos fluminenses.djvu/357

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soffrer, não? Ouvindo o que vou dizer concordará que eu já antes soffria, e muito mais.

— Temos romance? perguntou Adelaide a Tito.

— Realidade, minha senhora, respondeu Tito, e realidade em prosa. Um dia, ha já alguns annos, tive eu a felicidade de ver uma senhora, e amei-a. O amor foi tanto mais indomavel quanto que me nasceu de subito. Era então mais ardente que hoje, não conhecia muito os usos do mundo. Resolvi declarar-lhe a minha paixão e pedil-a em casamento. Tive em resposta este bilhete...

— Já sei, disse Emilia. Essa senhora fui eu. Estou humilhada ; perdão!

— Meu amor a perdôa; nunca deixei de amal-a. Eu estava certo de encontral-a um dia e procedi de modo a fazer-me o desejado.

— Escreva isto e dirão que é um romance, disse alegremente Adelaide.

— A vida não é outra cousa... accrescentou Tito.

D’ahi a meia hora entrava Azevedo. Admirado da presença de Emilia quando a suppunha a rodar no trem de ferro, e mais admirado ainda das maneiras cordiaes por que se tratavão Tito e Emilia, o marido de Adelaide inquirio a causa d’isso.

— A causa é simples, respondeu Adelaide; Emilia voltou porque vai casar-se com Tito.