— Segundo meio. Arranja um casamento rico.
— É bom de dizer. Onde está esse casamento?
— Procura. Não tens uma prima que gosta de ti?
— Creio que já não gosta; e demais não é rica; tem apenas trinta contos; despesa de um anno.
— É um bom principio de vida.
— Nada; outro meio.
— Terceiro meio, e o melhor. Vai á casa de teu tio, angaria-lhe a estima, dize que estás arrependido da vida passada, aceita um emprego, emfim vê se te constitues seu herdeiro universal.
Soares não respondeu; a idéa pareceu-lhe boa.
— Aposto que te agrada o terceiro meio? perguntou Pires rindo.
— Não é máo. Aceito; e bem sei que é difficil e demorado; mas eu não tenho muitos á escolha.
— Ainda bem, disse Pires levantando-se. Agora o que se quer é algum juizo. Ha de custar-te o sacrificio, mas lembra-te que é o meio unico de teres dentro de pouco tempo uma fortuna. Teu tio é um homem achacado de molestias; qualquer dia bate a bota. Aproveita o tempo. E agora vamos á ceia da Victoria.
— Não vou, disse Soares; quero acostumar-me desde já a viver vida nova.
— Bem; adeos.