Página:Contos para a infancia.djvu/111

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delo, está está peor talvez, vou ver se precisa d'alguma cousa.» Entra, e vê o lobo estendido na cama.

— Olá, meu menino, diz elle: ha muito tempo que te procuro.»

Armou a sua espingarda, mas parando logo: Não, disse elle, não vejo a dona da casa. Talvez o lobo a engulisse viva. E em lugar de matar o animal com uma bala, pegou na sua faca de mato, e abriu-lhe cuidadosamente a barriga. Appareceu logo o chapellinho encarnado e saltou para o chão, gritando:

— Ai! que sitio medonho onde eu estive fechada!

A avó saiu também contentissima por ver outra vez a luz do dia.

O lobo continuava a dormir profundamente, e o caçador metteu-lhe então duas grandes pedras na barriga, coseu tudo, e escondeu-se com a avó e a neta para verem o que se ia passar.

Decorrido um instante o lobo accordou, e como tinha sede, levantou-se para ir beber ao lago. Ao andar ouvia as pedras baterem uma na outra, e não podia comprehender o que aquillo era; com o peso, caiu no lago, e affogou-se.

O caçador tirou-lhe a pelle, comeu os bollos e bebeu o vinho com a velha e a sua neta. A velha sentia-se remoçar, e o chapellinho encarnado prometteu não tornar a passar na floresta, quando sua mãe lh'o prohibisse.