Página:Contos paraenses (1889).pdf/147

Wikisource, a biblioteca livre
CONTOS PARAENSES
141

cautelosas os bilros sobre as almofadas onde pregavam-se as rendas incipientes.

A velha Eufrasia annunciára que ia contar uma historia da cabanagem, o que era o sufficiente para lhe hypothecarmos a mais absoluta tranquillidade. Porque, fique desde já sabendo, a Eufrasia era auctoridade na materia! A sua narração tinha alguma coisa de lugubre, de compungente, de parceria com certo tom veridico e muito expressivo na concatenação dos factos e na flagrancia da nota, ou épica ou bucólica, de que pretendia occupar a attenção dos ouvintes.

Todos aconchegaram-se mais, fitando os olhos da velha, illuminados d’uma fulguração estranha, que parecia o reflexo derradeiro dos bellicosos tempos de que ella ia tratar.

Estabelecido o mais completo silencio, tanto quanto era possivel obter-se com o ruido da chuva a desabar nas telhas, — a bôa preta começou a referir a pequena historia que passarei a expôr á sua attenta bondade, succintamente, para o não enfastiar com imprudentes delongas.

Da outra banda do rio, á margem esquerda d’este mesmo Guajará que róla suas