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CONTOS PARAENSES
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contente e risonho. Ao ver o raio de sol que beija-lhe as plantas, estremece de jubilo, gosando a sua ventura n’um devaneio de grande felicidade por vir.... Mas de subito, estarrecido, confuso, muito pállido e crispando as mãos, entra a tremer todo, com as feições demudadas, os cabellos arrepiados na cabeça encandescida!

Á cabeceira do leito, sobre o elegante guéridon de jacarandá, estava uma dentadura patenteiando um céo de bôcca postiço e acinzentado, feito de massa!.....

E aquella monstruosidade era de Paula, elle bem a conhecia pelos pequeninos dentes eguaes e perfilados correctamente....

Então, sentindo enormes dôres em todo o sêr, com o espirito prostrado pela emoção violentíssima, Alfredo cambaleou, soluçando, e foi caír á beira do leito, lavado em lágrymas, a murmurar n’um gemido:

— Estou roubado, estou roubado!